A BÍBLIA E COMO CHEGOU ATÉ NÓS


A BÍBLIA E COMO CHEGOU ATÉ NÓS 

Sua Origem 

Houve um tempo em que a palavra inspirada de Deus não era ainda 
escrita. 0 homem falhou à prova da consciência e entrou por uma nova 
época debaixo da lei. Então começou a necessidade da palavra escrita. Não 
há evidência de que o homem tivesse a palavra de Deus escrita antes do 
dia em que Jeová disse a Moisés: «Escreve isto para memorial num livro» 
(Êx. 17:14). Daquele tempo em diante os homens de Deus «falaram 
inspirados pelo Espírito Santo». 
Davi era «o suave em salmos de Israel» (II Sam. 23:1); Lucas 
escreveu o Evangelho que tem o seu nome, e o Apocalipse foi escrito pelo 
apóstolo João, «Revelação de Jesus Cristo... a João seu servo; o qual 
testificou da palavra de Deus, e do testemunho de Jesus Cristo, e de tudo o 
que tem visto» (Apoc. 1:1,2). Entretanto, havia homens santos aos quais 
Deus falou, como Noé, Abraão e José. Mas não lemos que algum deles 
fora inspirado para escrever a palavra de Deus. 
Às vezes, Deus revelou a sua vontade oralmente, numa maneira 
direta e pessoal, como a Adão, a Caim, a Noé, a Abraão, a Abimeleque, a 
Isaque, a Jacó e a muitos outros. 
Devemos lembrar-nos de que havia sempre duas testemunhas de 
Deus, a saber: (1) As suas obras: «Os céus declaram a glória de Deus e o 
firmamento anuncia a obra das suas mãos» (Sal. 19:1); «0 que de Deus se 
pode conhecer neles está manifesto; porque Deus lho manifestou. Porque 
coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, 
como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que 
estão criadas» (Rom. 1:19, 20). (2) A consciência do homem:« Os quais 
mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a 
sua consciência» (Rom. 2:15). Assim, o homem possuía desde o princípio um conhecimento de Deus sem as leis escritas. «Escondeu-se Adão... da 
presença do Senhor Deus» (Gên. 3:18). Porque a sua consciência conde- 
nou-o quando ouviu a voz do seu Criador. Depois de matar o seu irmão, 
Caim foi interrogado por Deus e, acusado pela consciência, replicou: «Não 
sei; sou eu guardador do meu irmão?» (Gên. 4:9). Entretanto, a 
consciência não serve como um veículo da revelação divina, porque pode 
ser cauterizada e fica quase inutilizada. A natureza nos ensina somente que 
Deus é o Criador. Conseqüentemente, havia necessidade de uma revelação 
que durasse para sempre. Tal é a palavra escrita, «que permanece para 
sempre» (I Ped. 1:23). 
O estudo metódico da Bíblia ensina que Deus escolheu um povo 
particular para ser o intermediário da revelação. Abraão, conhecido como 
pai dos fiéis, foi chamado para deixar a sua terra e parentela e ser condutor 
do próprio povo de Deus. Para confirmar o seu concerto com o seu servo, 
Deus disse-lhe: «Não se chamará mais o teu nome Abrão, mas Abraão será 
o teu nome; porque por pai de muitas nações te hei posto» (Gên. 17:5). 
Deus escolheu o povo judaico (Deut. 14:2) e o separou para que fizesse 
dele repositório da sua verdade e por ele entregasse a Bíblia ao mundo; 
«As palavras de Deus lhe foram confiadas» (Rom. 3:2). Depois que a 
família de Abraão ficou provada Deus permitiu que o povo fosse ao Egito 
em escravidão. No auge dos sofrimentos do povo de Deus, Ele preparou 
maravilhosamente Moisés, «o qual recebeu as palavras de vida para no-las 
dar» (At. 7:36). E lemos que Moisés «escreveu todas as palavras do 
Senhor» (Êx. 24:4). 
«Deus fez de homens livros» antes de dar a palavra escrita. Adão 
trouxe a história da criação através de 930 anos e, sem dúvida, contou-a, 
assim como a sua queda, a Lameque, pai de Noé, de quem foi 
contemporâneo por 56 anos. Lameque, por sua vez, foi contemporâneo de 
Sem, filho de Noé, por mais de 90 anos. Pelas palavras: «Noé era varão 
justo e reto em suas gerações» (Gên. 6:9), podemos saber como Deus, por 
meio de um só pregador, garantiu a transmissão verbal da sua revelação. 
Noé foi contemporâneo de sete gerações antediluvianas e de onze 
pós-diluvianas, assim vivendo durante 58 anos da vida curta do patriarca Abraão, e morreu 17 anos antes da saída dele para a terra da promessa. 
Não nos é difícil compreender como ele ouvisse dos seus antepassados das 
grandezas e longanimidade de Deus e, por sua vez, as narrase à sua 
descendência, acrescentando as histórias do dilúvio e a confusão de 
línguas. Abraão assim veio a saber de tudo e a ter sua fé robustecida. 
Podemos imaginar Abraão historiando os fatos ao seu netinho Jacó, 
que tinha 14 anos quando o «Pai dos fiéis» faleceu. Quão interessantes ao 
menino seriam as histórias da criação, da trasladação de Enoque, do 
dilúvio, da confusão das línguas, das suas próprias experiências, como a da 
saída da sua própria terra, dos concertos, de como Deus lhe mudou o nome 
e da ocasião de levar Isaque para a terra de Moriá, quando Deus o 
submeteu à maior prova e ele chegou a conhecê-lo como «Jeová-Jiré» 
(Gên. 22:14). 
Jacó jamais poderia apagar da sua memória estas coisas e durante 
todos os anos da sua vida meditaria sobre as maravilhas divinas. Em narrar 
tudo ao seu neto Coate, Jacó poderia acrescentar as suas próprias 
experiências em Betel e no vau de Jaboque. Coate relatava a história a 
Anrão, e este, por sua vez, a Moisés, o seu filho, que assim teve todas as 
informações necessárias para escrever o livro de Gênesis, quando Deus lho 
ordenou a fazer. Portanto, podemos traçar a história da transmissão verbal 
da palavra de Deus desde o dia em que Ele falou a Adão (Gên. 1:28) até o 
tempo em que ordenou a Moisés que a escrevesse num livro (Êx. 17:14). 
Adão transmitiu-a a Lameque; Lameque a Noé; Noé a Abraão; Abraão a 
Jacó; Jacó a Coate; Coate a Anrão e Anrão a Moisés. Sete homens 
trouxeram a revelação desde a criação até que a Bíblia começou a ser 
escrita. Sete é o número bíblico que significa perfeição. Assim, Deus deu a 
sua palavra, «porque a profecia não foi antigamente produzida por vontade 
de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram pelo Espírito 
Santo» (II Ped. 1:21). 

Extraído do livro - A Bíblia e como chegou até nós - John Mein. 8a. edição

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